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Foto do escritorGilvandson Augusto

O tratamento para ansiedade em Terapia Cognitivo-Comportamental




Os transtornos ansiosos são um grupo de condições psiquiátricas caracterizadas por medo e ansiedade persistentes e excessivos, além de uma crença de incapacidade de lidar com as situações temidas, que podem levar a alterações comportamentais disfuncionais. Eles são diferenciados com base nos objetos temidos (um animal) ou situações específicas que induzem essas reações (apresentar um trabalho, sair na rua a noite, ter uma conversa difícil com alguém), afetando a capacidade de uma pessoa de viver de forma tranquila no dia a dia. A ansiedade patológica pode ser desencadeada por uma variedade de fatores, incluindo genética, estresse excessivo e mudanças na química do cérebro.

A ansiedade é uma resposta normal a situações estressantes ou potencialmente perigosas, mas nos transtornos ansiosos, essa resposta é amplificada e pode se tornar debilitante. Os sintomas psicológicos podem incluir preocupação constante, dificuldade para relaxar, problemas de sono, sensação de estar perdendo o controle de si ou das coisas, e sintomas físicos como aumento do batimento cardíaco, tremores, dificuldade para respirar, tontura e transpiração excessiva. Se não tratada, ansiedade pode evoluir para problemas mais graves como doenças cardiovasculares e depressão.

No Brasil, a ansiedade é um problema de saúde mental comum, com estudos indicando que uma parcela significativa da população, cerca de 9,3%, sofre de algum tipo de transtorno ansioso. É importante pensar que esse número pode ser ainda maior se considerarmos a subnotificação, que pode ocorrer quando a pessoa apresenta sintomas compatíveis com transtornos ansiosos mas não busca por tratamento adequado.

Esses transtornos podem ser extremamente prejudiciais. Alguns estudos apontam que pessoas com transtornos de ansiedade experimentam uma qualidade de vida significativamente mais insatisfatória comparadas com pessoas que não apresentam transtornos ansiosos. Além disso, pessoas com ansiedade patológica apresentam mais perdas de dias de trabalho, problemas de relacionamento, abuso de substâncias e dificuldades financeiras, em comparação com pessoas que experimentam uma ansiedade mais adaptativa. É importante perceber que os transtornos ansiosos não afetam apenas a pessoa que sofre, mas também suas relações interpessoais e profissionais.


Tipos de Transtornos Ansiosos

   - Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG)

É uma condição caracterizada por preocupação excessiva e persistente em relação a várias áreas da vida. Pessoas com TAG tendem a antecipar o pior cenário de quase tudo que acontece e têm dificuldade em administrar a forma como se sentem.  Apresentam constantes pensamentos de preocupação, podendo intensificá-los ou “ver as coisas de um jeito pior do que realmente são. Os sintomas fisiológicos incluem inquietação, fadiga, irritabilidade e tensão muscular. Muitas vezes, tendem a afetar o foco, atenção e memória. Não é incomum pessoas pensarem que têm TDAH, quando na verdade estão apresentando um quadro de ansiedade.


   - Transtorno de Ansiedade Social (TAS)

Também conhecido como fobia social, TAS é uma condição em que a pessoa experimenta medo intenso e persistente de situações sociais ou que seu desempenho seja testado (uma prova, ter um feedback com o gestor, entrevista de emprego) ou observado (conhecer amigos ou familiares de alguém, comer em público, assinar documentos na frente de testemunhas, falar ao telefone). Os sintomas incluem ansiedade extrema, evitação de interações sociais de diversos tipos e preocupação excessiva com o julgamento dos outros. O tratamento pode envolver terapia cognitivo-comportamental, medicamentos ansiolíticos e técnicas de exposição gradual para enfrentar os medos sociais.


   - Agorafobia

A agorafobia é um transtorno de ansiedade caracterizado pelo medo intenso de situações ou lugares públicos, especialmente aqueles de onde escapar pode ser difícil. Diferentemente do transtorno de ansiedade social, em que as pessoas temem a humilhação ou julgamento por outros, na agorafobia a coisa temida é a própria segurança. Pessoas com agorafobia evitam esses locais e podem experimentar ataques de pânico quando expostos. Não é uma regra, mas é comum pessoas com agorafobia também apresentarem transtorno de pânico.


   - Transtorno do Pânico

O transtorno é caracterizado por ataques de pânico recorrentes. Esses ataques são episódios súbitos e intensos de medo ou desconforto, acompanhados por sintomas como palpitações, sudorese, tremores e sensação de morte iminente. Pessoas com transtorno do pânico vivenciam preocupação constante com a possibilidade de ter novos ataques ou de perderem o controle sobre si, o que as deixa progressivamente mais preocupadas, que aumenta os sintomas de ansiedade e são interpretados como uma perda de controle de si ou algum adoecimento mais grave, e, por fim, ocasionam um novo episódio de ataque de pânico.


   - Fobias Específicas

As fobias específicas são transtornos de ansiedade caracterizados por medo intenso e irracional em relação a objetos, situações ou animais específicos. Esses medos desproporcionais podem levar à evitação desses estímulos. Alguns exemplos comuns incluem medo de aranhas (aracnofobia), medo de voar (aerofobia) e medo de altura (acrofobia). O tratamento geralmente envolve terapia de exposição gradual para ajudar a pessoa a enfrentar seus medos e reduzir a ansiedade associada.

 

Causas dos Transtornos Ansiosos

Como dito anteriormente, as causas para os transtornos ansiosos são diversas.Dentre as causas biológicas existe a predisposição genética para o desenvolvimento de ansiedade patológica, o histórico familiar é normalmente observado e pode indicar fatores hereditários. Há também a possibilidade de haver um desequilíbrio nos neurotransmissores que contribuem na manutenção da ansiedade, humor e estresse, como a serotonina, noradrenalina e gaba.

Aspectos socioeconômicos, geralmente advindos do capitalismo, como dificuldades financeiras, desemprego ou instabilidade econômica podem aumentar ou até serem as causas central para a ansiedade. A incerteza financeira e as preocupações com o que se irá comer amanhã ou como iremos fechar as contas do mês afetam negativamente o bem-estar mental.

Conviver em ambientes estressantes ou “tóxicos", como conflitos familiares, relacionamentos abusivos, estar em locais ou com pessoas que possam nos ser desconfortáveis, ou eventos negativos diversos também podem contribuir para a manutenção ou existência de ansiedade patológica.

 

Por fim, questões psicológicas particulares do indivíduo, como pensamentos negativos ou distorcidos em excesso, catastrofização (pensar excessivamente – em quantidade e intensidade – em desfechos terríveis sobre as mais variadas situações) e ruminação de situações diversas (ficar pensando de forma repetida sobre o quão ruim alguma situação foi), medos aprendidos (por exemplo, pais ensinarem aos seus filhos que determinados ambientes pode ser nocivo). Além de traumas, abusos, violência e perdas podem desencadear ansiedade.

  

 

Impacto dos Transtornos Ansiosos

  

A ansiedade, essa companheira incômoda que às vezes se instala silenciosamente, pode ter efeitos profundos em nossa vida. Ela não se limita a nos afetar emocionalmente; muitas vezes alcança a saúde física, as relações interpessoais e até mesmo nossa produtividade. Na esfera da saúde física, a ansiedade perturba o sono, tipo quando ficamos deitados por alguns minutos – ou horas – pensando sobre alguma coisa. A falta de descanso adequado, por sua vez, afeta nossa energia, humor e capacidade de concentração. Além disso, o estresse extenso desencadeado pela ansiedade se manifesta em dores musculares, ombros tensos e mandíbulas apertadas. O sistema digestivo também sofre e podemos sentir náuseas, queimação, diarreia e desconforto abdominal.

Psicologicamente, a ansiedade nos coloca em um ciclo vicioso, gerando mais ansiedade à medida que nos preocupamos excessivamente. Sentimentos de isolamento e solidão surgem, fazendo com que a gente acredite que somos um fardo para os amigos e familiares. Nossa autoestima é abalada, questionando nossas habilidades e nos fazendo sentir inadequados. Nas relações interpessoais, a comunicação é afetada, e pequenos conflitos se transformam em montanhas. A ansiedade amplifica nossas emoções, nos levando a reações desproporcionais. Estabelecer vínculos se torna um desafio, pois a ansiedade nos impede de nos abrir completamente, criando barreiras. Até mesmo nosso trabalho e estudos são afetados: a mente ansiosa salta de uma preocupação para outra, dificultando a concentração e levando à procrastinação. A pressão constante prejudica nossa criatividade e capacidade de resolver problemas.

 

 

Tratamento em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

   Ler tudo isso escrito acima pode te fazer pensar “certo, mas tem que ter algum jeito para resolver isso”, e você estaria certo, tem: O tratamento para ansiedade em Terapia Cognitivo-Comportamental. Partindo da ideia de que nossas emoções, comportamentos e pensamentos estão interligados e afetam uns aos outros, a TCC, com suas teorias e técnicas testadas e comprovadas cientificamente de que funcionam para o tratamento de ansiedade, pode te ajudar a conviver de forma mais saudável com uma das emoções mais básicas do ser humano – “ser” enquanto substantivo e verbo.

Partindo da ideia de que a TCC tenta te “transformar em seu próprio psicoterapeuta", através da psicoeducação o paciente aprende sobre a ansiedade e como ela afeta o pensamento, as emoções e o comportamento; aprende sobre os pensamentos automáticos, como reconhecer pensamentos que surgem espontaneamente e que podem ser negativos, distorcidos ou irracionais.

A TCC também te ajuda na identificação de crenças centrais e intermediárias, que são ideias subjacentes sobre nós mesmos, as coisas, os outros e o futuro e que influenciam os pensamentos automáticos.

Através da reestruturação cognitiva o paciente é convidado a desafiar e modificar pensamentos e crenças disfuncionais. Também é chamado a desenvolver habilidades para lidar com situações estressantes de maneira eficaz, e técnicas de respiração e relaxamento para reduzir a tensão física e o estresse.

O tratamento dos transtornos ansiosos é de extrema importância, pois tem o potencial de reduzir significativamente os sintomas associados à ansiedade, melhorar a qualidade de vida dos pacientes e prevenir o desenvolvimento de comorbidades adicionais.


Importância do tratamento

Ao buscar tratamento adequado, pode-se experimentar uma redução notável nos sintomas ansiosos (a nível patológico). A terapia cognitivo-comportamental (TCC) oferece ferramentas eficazes para desafiar e modificar padrões de pensamento disfuncionais, ajudando os pacientes a lidarem melhor com suas preocupações e medos. Isso pode resultar em uma diminuição dos sintomas físicos e psicológicos da ansiedade, como palpitações, tensão muscular, preocupação excessiva e ataques de pânico.

Além disso, o tratamento dos transtornos ansiosos pode levar a uma melhoria significativa na qualidade de vida dos pacientes. Ao aprenderem a gerenciar sua ansiedade de maneira mais eficaz, as pessoas podem desfrutar de uma maior sensação de bem-estar emocional, maior autoestima e melhor funcionamento social. Elas podem se sentir mais capazes de enfrentar desafios diários, estabelecer relacionamentos mais saudáveis ​​e participar plenamente de atividades que antes evitavam devido à ansiedade.

Uma outra vantagem importante do tratamento é a prevenção de comorbidades. Os transtornos ansiosos estão frequentemente associados a outras condições de saúde mental, como depressão, transtornos alimentares e abuso de substâncias. No entanto, ao abordar a ansiedade de forma eficaz, os pacientes podem reduzir o risco de desenvolver essas condições adicionais. A TCC, por exemplo, não apenas trata os sintomas ansiosos, mas também ensina habilidades de enfrentamento que podem ser aplicadas a uma variedade de situações estressantes, ajudando a evitar complicações futuras.

 

Em resumo, o tratamento dos transtornos ansiosos desempenha um papel fundamental na promoção do bem-estar mental e na prevenção de problemas de saúde mental mais graves. Ao reduzir os sintomas, melhorar a qualidade de vida e prevenir comorbidades, o tratamento não só beneficia os pacientes individualmente, mas também contribui para uma sociedade mais saudável e resiliente como um todo.

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